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Manuela D’Ávila ao lado de Haddad em evento do PT Imagem: Reprodução Rede Social Facebook |
O empasse é motivado pela espera do julgamento da candidatura do ex-presidente Lula
O Partido Comunista do Brasil (PCdoB), divulgou uma nota na segunda-feira (6), informando que a deputada estadual do Rio Grande do Sul, Manuela D'Ávila, será candidata a vice-presidente em qualquer circunstância. No domingo (5), o PT anunciou que o ex-prefeito de São Paulo Fernando Haddad será o candidato a vice na chapa de Lula.
As mudanças nas definições de candidatos ocorrem porque o PT e o ex-presidente Lula insistem em lançar a candidatura, mesmo estando preso desde abril em Curitiba, condenado em segunda instância, com uma pena de 12 anos e um mês de prisão por corrupção e lavagem de dinheiro. Com isso, a Lei da Ficha Limpa torna Lula inelegível. A candidatura será julgada pelo TSE (Tribunal Superior Eleitoral), depois do dia 14 de agosto.
O acordo do PT com o PCdoB, é que Manuela substituirá Haddad como vice de Lula se o ex-presidente tiver a candidatura deferida pela justiça. Ou será vice de Haddad se foi indeferida. Sendo assim, o PCdoB deve retirar a candidatura de Manuela à Presidência, que foi oficializada na última quarta-feira (1).
Leia na íntegra da nota do PCdoB
Uma aliança pela vitória: Coligação PT-PCdoB
O Partido Comunista do Brasil (PCdoB) fixou como estratégia eleitoral conquistar a vitória das forças progressistas nas eleições presidenciais. Coerente com esse objetivo, buscou viabilizar a perspectiva de uma frente ampla, a partir da unidade da esquerda, como fator indispensável para essa almejada quinta vitória do povo. Trabalhou incessantemente por propostas programáticas unitárias, elaboradas pelas fundações dos partidos de esquerda, e contribuiu para a realização de uma série de reuniões com PT, PCdoB, PDT, PSB e PSOL.
Nesse ambiente de diálogo, o PCdoB e sua candidata Manuela d’Ávila foram incisivos na defesa de uma pactuação eleitoral progressiva das candidaturas para derrotar as forças conservadoras e golpistas. Em 22 de julho, o PCdoB e Manuela se dirigiram aos partidos de esquerda e os conclamaram à unidade desde o primeiro turno.
Na Convenção do Partido, Manuela foi consagrada candidata à presidência para, em nome do PCdoB, batalhar por esses objetivos. Manuela mediante uma campanha vibrante mobilizou amplos setores progressistas e populares, granjeando prestígio e respeito.
Nos últimos dias, o PCdoB intensificou as conversações em torno da unidade. Apesar de todo esse esforço, prevaleceu nesse campo a fragmentação.
O Partido dos Trabalhadores homologou a candidatura do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, grande liderança popular do país, que está arbitrariamente preso.
O Partido Democrático Trabalhista, por sua vez, oficializou a candidatura de Ciro Gomes, que corretamente aponta como saída para a grave crise do país um novo projeto nacional de desenvolvimento.
O Partido Socialismo e Liberdade, por sua vez, lançou Guilherme Boulos, candidato. E o PSB não coligou, nem lançou candidato, mas recomendou seus militantes apoio aos candidatos do campo progressista.
Inviabilizada a unidade mais ampla dos partidos de esquerda, na reta final do prazo legal para definições, o PCdoB e o PT, conjuntamente, persistiram na busca de uma aliança e intensificaram as negociações entre si, tendo em conta que ambos os partidos e outras legendas construíram juntos, ao longo de trinta anos, um campo político e social que resultou no importante ciclo dos governos Lula e Dilma. As duas legendas também estiveram coesas na luta contra o golpe de agosto de 2016, nas jornadas pela liberdade do ex-presidente Lula e pelo seu direito de ser candidato a presidente.
No último domingo (5), a direção do Partido dos Trabalhadores foi porta-voz de um convite do ex-presidente Lula para que Manuela d’Ávila assumisse a candidatura de vice na sua chapa.
Embora a proposta não contemplasse a unidade mais ampla resultante de uma composição que abarcasse as candidaturas de Lula, Ciro Gomes, Manuela, o PCdoB considerou que, diante da forte orquestração das forças conservadoras e golpistas para vencer as eleições, a coligação entre PCdoB e PT emergia como a aliança possível e importante para se construir a vitória das forças progressistas.
Em razão disto e em face da proposta apresentada pelo PT e pelo ex-presidente Lula, a Comissão Política Nacional do PCdoB decidiu aprovar a coligação com o PT, que inclui também PROS e PCO. Tomada a decisão, as presidentas do PT e do PCdoB – a senadora Gleisi Hoffmann e a deputada federal Luciana Santos – anunciaram que Manuela d’Ávila será a vice da chapa de Lula.
Face à circunstância excepcional em que o ex-presidente Lula está arbitrariamente preso, o ex-prefeito de São Paulo Fernando Haddad será registrado como vice-presidente para vocalizar a orientação do ex-presidente até que se esclareça a estabilidade jurídica da candidatura de Lula. A seguir, em qualquer circunstância, Manuela será candidata a vice-presidente, seja com o deferimento ou não da candidatura de Lula.
Haddad e Manuela irão liderar ombro a ombro a jornada desde já em todo o país.
O convite do ex-presidente Lula evidencia o reconhecimento da dimensão que adquiriu a campanha de Manuela D’Ávila na disputa em curso. Sua voz corajosa e altiva, na defesa da unidade das forças progressistas e de um projeto nacional de desenvolvimento, soberano e democrático, de amplas conquistas para o povo e a classe trabalhadora e dos direitos das mulheres, da juventude, dos negros e da população LGBT, conquistou apoios e galvanizou entusiasmo.
A concretização da Coligação PT-PCdoB-PROS-PCO, que será liderada por Lula presidente e Manuela vice, é um acontecimento relevante na acirrada disputa em curso, uma vez que amplia as possibilidades de vitória das forças progressistas.
O PCdoB conclama seu coletivo militante, todos seus apoiadores, às forças populares, democráticas, patrióticas a se convergirem e combaterem para tornar possível a quinta vitória do povo nas eleições presidenciais, único meio para tirar o país da crise, e desencadear a jornada por um novo projeto nacional de desenvolvimento.
São Paulo, 6 de agosto de 2018.
Comissão Executiva Nacional do Partido Comunista do Brasil (PCdoB)
Estratégia
A estratégia do PT (Partido dos Trabalhadores), é que seja levado a candidatura de Lula para Presidência da República até que a Justiça Eleitoral julgue deferida ou indeferida.
Leia a nota divulgada pelo PT
O Partido dos Trabalhadores anunciou na noite deste domingo (5) o coordenador do Plano Lula de Governo, Fernando Haddad, como vice na chapa de Lula na disputa presidencial. Ele será o porta-voz de Lula até o trâmite final da homologação da candidatura Lula na Justiça Eleitoral. Concluída essa etapa, a ex-deputada Manuela Davila assumirá a posição de vice na chapa, por indicação do PCdoB, que aprovou, também ontem, uma coligação nacional com o PT.
A presidenta nacional do PT, senadora Gleisi Hoffmann, explicou a estratégia definida pelo partido para representar Lula, preso político há quatro meses. “O presidente Lula pediu para fazer um pedido formal a Manuela para ser candidata a vice. Entendemos que a candidatura dela cumpriu um papel importantíssimo na construção da unidade que estamos tendo”, relatou Gleisi.
“Estivemos reunidos durante todo o dia para definirmos nossa tática eleitoral. Na avaliação optamos por uma estratégia que assegure a manifestação do presidente Lula como candidato a presidente e definimos que até a regularização da situação judicial do presidente a vocalização da sua campanha seria feita por um companheiro do PT, pela proximidade desse companheiro com o presidente, mas também pela identificação do partido com Lula”, explicou a presidenta, ao anunciar Fernando Haddad vice na chapa presidencial para fazer a representação de Lula durante esse processo até que sua situação legal seja normalizada.
“Quero exaltar a importância dessa unidade em torno da candidatura de Lula. Vivemos uma eleição anormal, o presidente Lula está ausente fisicamente do processo eleitoral, perseguido injustamente. Essa coligação inicia a caminhada vitoriosa para a eleição. Quero agradecer ao PCdoB, o PROS, que coligam conosco, ao apoio do PCO, e de importante setores do PSB que já se manifestaram a favor da candidatura de Lula”, ressaltou Gleisi.
A presidenta nacional do PCdoB, Luciana Santos, ressaltou a importância da aliança e do que ela representa no combate aos retrocessos impostos pelo golpe. “As eleições ganham uma dimensão extraordinária em um cenário de um golpe de estado. Por isso que nossas forças, com a responsabilidade que nós temos, nós precisamos reafirmar compromissos da retomada das conquistas.Nós estamos fazendo o desenho da frente que foi possível construir, entendendo a necessidade de um pacto das candidaturas de nosso campo. Nossa candidata viajou o país pregando a unidade, e vamos fazer aquilo que nós estávamos dispostos a fazer”, afirmou.
Fernando Haddad celebrou o acordo entre as frentes e reforçou o papel dessa unidade de resistência pela candidatura de Lula. “Essa resistência que estabelecemos nessa coligação vai ser muito importante. O que nos mantém unidos é a defesa incondicional do Lula, o maior líder político do Brasil. Estamos aqui unidos em torno dele mais uma vez. Vamos para o pentacampeonato”, declarou. “Com toda perseguição que o Lula sofre, ele só cresce. Estamos anunciando ao país uma grande aliança e tenho certeza que vamos compatibilizar nossos programas, que tem em comum os anseios da sociedade brasileira”
De acordo com o TSE, o prazo para definição de candidatos a presidente e a vice-presidente era até domingo (5). Então, oficialmente Haddad continua sendo o candidato a vice de Lula. E Manuela D’Ávila só poderá ser confirmada após o julgamento da candidatura de Lula e no prazo de mudanças de nomes para concorrer às eleições.
Haddad
O político é formado em direito pela Universidade de São Paulo (USP), mestre em Economia com especialização em economia política em 1990 e doutor em Filosofia em 1996. Foi professor de Teoria Política Contemporânea no Departamento de Ciência Política da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Sociais da USP, analista de investimento do Unibanco, consultor da Fundação de Pesquisas Econômicas (Fipe).
Já assumiu chefia de gabinete da secretaria municipal de Finanças, foi assessor especial do ministro do Planejamento, Guido Mantega, secretário Executivo do Ministério da Educação e ministro na gestão de Lula. E foi prefeito de São Paulo de 2012 a 2016.
Informações G1
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Vida pública